O papel da IA na cibersegurança e as oportunidades de investimento no Chile em 2025

A Inteligência Artificial continuará sendo um tema central em 2025. Seu crescimento, seja para o bem ou para o mal, é imparável. Por um lado, as inovações movidas por IA têm o potencial de transformar a economia global, criando novas oportunidades de investimento. Por outro, a IA representa uma ameaça constante à segurança das organizações, com sua capacidade de aprimorar ataques cada vez mais sofisticados. No entanto, também pode ser uma aliada importante para os profissionais de segurança.

A geopolítica seguirá sendo um fator determinante para os mercados e tecnologias. Em 2024, os Estados-nação intensificaram seus ciberataques, e governos ao redor do mundo, incluindo o Chile, devem priorizar investimentos em infraestruturas inteligentes e seguras. Ao mesmo tempo, mudanças nas lideranças políticas globais e nas políticas comerciais têm redefinido alianças e gerado mais tensões, o que exige dos investidores uma abordagem mais cuidadosa ao navegar nesse cenário político complexo.

O Chile enfrenta uma série de desafios, começando pelas eleições presidenciais. Em novembro deste ano, os cidadãos votarão para escolher o novo presidente, renovarão a Câmara dos Deputados e elegerão 23 senadores de sete regiões, incluindo áreas-chave para as indústrias mais importantes do país. Riscos externos, como tensões de guerra, incertezas fiscais globais e possíveis interrupções no comércio internacional, também podem afetar a economia chilena.

Apesar disso, a implementação da Lei de Estrutura de Cibersegurança e da Lei de Proteção de Dados representa um avanço significativo e promissor em termos de investimento. Essas regulamentações visam redefinir os protocolos de cibersegurança do país e, possivelmente, os da região, tornando-se pioneiras na América Latina.

Investimentos: Política Internacional e Tecnologia

Os investidores precisam levar em conta fatores macroeconômicos, como realinhamento geopolítico, mudanças demográficas e o custo do capital em 2025. A geopolítica nunca foi tão relevante, tornando-se uma alavanca essencial para o sucesso dos investimentos. As mudanças na liderança política global estão reformulando o comércio, e para investir com sucesso, é fundamental entender o ambiente político atual.

As relações entre as superpotências foram remodeladas, criando novas alianças e intensificando tensões. Segundo o Tatler Asia, especialistas alertam que uma abordagem mais nacionalista para as políticas públicas pode prejudicar a estabilidade econômica global, aumentando a volatilidade nos mercados financeiros.

Além disso, o envelhecimento das populações em países de alta e média renda, junto à desaceleração das taxas de natalidade, continua transformando os motores de crescimento e os padrões de consumo. Essas mudanças deverão alterar as oportunidades de investimento nos próximos 20 a 25 anos, o que exige que os investidores adotem estratégias de longo prazo e abordagens diversificadas.

Por outro lado, o custo do capital aumentou comparado à última década, e analistas esperam que essa tendência continue. Segundo o Morningstar UK, essa alta se deve ao aperto das políticas monetárias e aos riscos inflacionários globais. Contudo, há otimismo de que as taxas de juros nos Estados Unidos possam diminuir em 2025, o que reduziria os custos de financiamento e incentivaria investimentos, especialmente em setores mais sensíveis a essas taxas.

A dominância das ações das Magnificent Seven (Apple, Microsoft, Google, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla) pode dar espaço a uma nova dinâmica de mercado em 2025. De acordo com o Financial News London, as divergências nas avaliações das empresas, a incerteza geopolítica e os esforços dos bancos centrais para equilibrar inflação e crescimento estão criando novas oportunidades, especialmente nos setores movidos pela Inteligência Artificial. A integração da IA em diversas áreas está começando a abrir novas possibilidades de investimento além do foco exclusivo nas “Mag 7”.

A eleição presidencial dos EUA também gera incertezas para os mercados globais, especialmente com relação a possíveis tarifas punitivas e ao fortalecimento do dólar, o que pode influenciar as dinâmicas do comércio internacional e os fluxos de investimento.

Em relação ao Chile, o último relatório da CEPAL estima que o país crescerá 2,2% em 2025, alinhando-se com as projeções do Banco Central em seu Relatório de Política Monetária de dezembro de 2024. O relatório também projeta que a inflação cairá para 3% até o início de 2026.

Inteligência Artificial e Cibersegurança

Governos ao redor do mundo estão investindo na modernização de seus sistemas e na proteção de tecnologias legadas para combater os ataques cibernéticos direcionados às infraestruturas críticas. Também estão buscando soluções legais para enfrentar essa ameaça.

Com a crescente sofisticação dos cibercrimes e ciberataques, que já afetaram cadeias de suprimento, infraestruturas públicas e universidades, o Chile implementou sua Lei de Cibersegurança em 1º de janeiro de 2025, sendo a primeira desse tipo na América Latina. A lei estabelece a criação da Agência Nacional de Cibersegurança (ANCI), que será responsável por regular, supervisionar e punir organizações públicas e privadas que forneçam serviços essenciais, como saúde, segurança, fornecimento de energia, água, combustíveis, transporte e serviços financeiros.

Da mesma forma, a Câmara dos Deputados aprovou a Lei de Proteção de Dados após sete anos de tramitação. A lei estabelece um marco regulatório para garantir a proteção dos dados dos cidadãos, impondo restrições mais rigorosas sobre como empresas, instituições e indivíduos podem coletar, armazenar e utilizar informações sensíveis, como nomes, números de identidade, endereços de e-mail, números de telefone, entre outros. Ela fortalece o controle dos cidadãos sobre seus dados e exige mais transparência no processo de coleta e uso das informações.

A legislação chilena reflete a necessidade de regulamentação diante das ameaças de segurança em constante evolução e do avanço implacável da Inteligência Artificial. Com a aceleração da IA, novas vulnerabilidades estão surgindo, como ataques direcionados a LLMs, dados de treinamento e sistemas de inferência. A IA gerativa (GenAI) também está sendo usada para criar e-mails de phishing cada vez mais convincentes, tornando as defesas humanas menos confiáveis.

As empresas precisarão adotar novas medidas de segurança conforme as regulamentações da lei, que visam proteger contra ciberataques e o uso indevido de dados. Por isso, espera-se uma maior colaboração entre o setor privado, o governo e a sociedade no Chile, posicionando o país como um modelo regional em segurança digital.

Algumas das medidas de segurança mencionadas coincidem com a opinião de especialistas internacionais em cibersegurança. Segundo o consultor John Bruggeman, para a Forbes, as três principais ameaças atuais são a computação quântica, o vazamento de dados e a Inteligência Artificial. Embora a computação quântica ainda não seja uma ameaça dominante, as organizações precisam começar a se preparar para seu surgimento, com algoritmos de criptografia resistentes a esses computadores.

Especialistas da Palo Alto Networks alertam: “Devemos agir agora; mesmo que os computadores quânticos ainda não estejam prontos, agentes maliciosos estão coletando nossas informações, mesmo que criptografadas. Eles as armazenam em seus servidores para descriptografá-las quando tiverem computadores quânticos poderosos o suficiente. É por isso que os governos ao redor do mundo estão colaborando para criar esses padrões.”

Os riscos de segurança na cadeia de suprimentos e na colaboração com terceiros seguirão crescendo. Vazamentos de dados significativos em 2024 expuseram milhões de registros de clientes, revelando que a cadeia de suprimentos é frequentemente o elo mais fraco. Muitas empresas estão enfrentando processos judiciais e ações regulatórias por causa disso.

Embora a escassez de profissionais de cibersegurança qualificados seja um desafio, os copilotos movidos por IA transformarão o campo nos próximos anos. Assistentes inteligentes automatizam tarefas repetitivas, analisam grandes volumes de dados e oferecem insights valiosos, permitindo que as equipes de segurança trabalhem de forma mais eficiente. Espera-se que a adoção em larga escala de ferramentas de IA revolucione as operações diárias em 2025.

Esta é a terceira entrada da equipe da Sherlock Communications no Chile sobre tendências nos principais setores do país. Clique aqui para ler a que aborda Logística, Micromobilidade e Energia Renovável.

Written by: Ana Cecilia Escobar