“Ahora todos quieren ser latino’, pero les falta sazón, batería y reggaeton” com este verso em “El Apagón”, Bad Bunny resume de forma sucinta e objetiva a ascensão global dos artistas da América Latina. Uma região repleta de originalidade, energia e nuances.
O “estilo latino” se tornou uma tendência mundial, gradualmente os nossos costumes, nossa música e nossa moda estão ganhando espaço na competitiva indústria do entretenimento, predominantemente pautada pela hegemonia norte-americana.
Esse movimento foi acelerado pelo crescimento exponencial de artistas como Anitta, J Balvin, Enrique Iglesias, entre outros, além, é claro, do destaque de filmes latinos como “Ainda Estou Aqui” e “Roma” no Oscar, ambos vencedores do prêmio de Melhor Filme Internacional. Isso fez com que o mundo voltasse seus olhos para a arte e os artistas da América Latina, destacando sua rica bagagem cultural e histórica.
Quando se fala em música latino-americana, certamente o primeiro ritmo a ser lembrado é o reggaeton, um gênero musical que nasceu em Porto Rico e ganhou um sucesso global nas duas últimas décadas, entretanto, cabe destacar outros ritmos e artistas que estão furando a bolha:
Além dos ritmos tradicionais, cabe reconhecer que o sucesso dos artistas da América Latina se deve a sua capacidade de se reinventar e acompanhar as novas tendências mundiais. A originalidade também merece notoriedade, afinal, mesclar de duas a três línguas diferentes é, sem dúvidas, um dos maiores pontos fortes dos cantores.
Um exemplo claro dessa “originalidade” é o próprio reggaeton, que mistura hip-hop, dancehall e música latina. Outros gêneros como o funk carioca, samba e o trap latino também estão “furando a bolha” e conquistando novos espaços nessa indústria tão competitiva.
Esse crescimento dos artistas da América Latina pode ser visto em dados: segundo o “Global Report 2023”, da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), em 2022, o setor musical latino-americano fechou em crescimento pelo 13º ano consecutivo, valendo 1,3 bilhão de dólares.
De trapper local a um fenômeno mundial — o “boom” de Bad Bunny no topo das paradas musicais globais reflete o verdadeiro impacto dos artistas da América Latina na música e na cultura pop.
Em meio a um debate global acerca dos direitos de imigrantes e refugiados, bem como sua preservação cultural e civil, Bad Bunny trouxe em seu último álbum lançado, “DeBÍ TiRAR MáS FOToS,” uma reflexão profunda e nostálgica sobre a identidade porto-riquenha, a diáspora e as massantes consequências de uma colonização desenfreada.
O artista, que transita entre ritmos como reggaeton, trap, pop e salsa, ainda está dominando o Top Global do Spotify, tornando-o protagonista na luta e resistência dos artistas latinos na música mundial.
Considerada a artista mais relevante da América Latina, Shakira foi pioneira ao alcançar sucesso mundial com músicas em inglês e espanhol nos anos 2000, algo bem incomum para a época. Seu estilo inovador que mescla pop, música latina e melodias do Oriente Médio fez com que a colombiana se tornasse um fenômeno global.
Com mais de 25 anos de carreira, a artista já vendeu 75 bilhões de álbuns, conquistou 15 Grammys (11 latinos), 7 Billboard Music Awards, recebeu o Latin Billboard Hall of Fame e outros prêmios importantes, como da MTV, World Music Awards e People’s Choice Awards.
Tendo todos esses fatos em vista, certamente não é por acaso que Shakira foi a primeira artista latino-americana a fazer um show solo no Super Bowl, em 2020, e mesmo após anos, a cantora segue sendo um ícone cultural do continente e uma grande voz da filantropia e do empoderamento feminino.
Do subúrbio do Rio de Janeiro para o mundo, a cantora brasileira Anitta, uma das principais artistas da América Latina, coleciona conquistas marcantes desde que começou a investir em sua carreira internacional: foi a primeira artista solo do Brasil indicada ao VMA, a primeira brasileira a vencer o Premios Juventud e a primeira artista brasileira solo a se apresentar no palco principal do Coachella.
Conhecida por sua versatilidade musical, Anitta já vendeu mais de 4 milhões de cópias de singles e álbuns ao redor do mundo. A cantora, que fala cinco idiomas, já colaborou com artistas mundialmente conhecidos, como Cardi B, Madonna, Maluma, J Balvin, Major Lazer e The Weeknd.
Em seu álbum mais recente, Funk Generation, Anitta buscou expandir as fronteiras da música brasileira, tornando o som das periferias do Rio reconhecido e celebrado em diferentes países. Com canções em três línguas: inglês, português e espanhol, o projeto alcançou mais de 12,7 milhões de reproduções no Spotify nas primeiras 24 horas, tornando-se a terceira maior estreia de um álbum na plataforma.
Um dos grandes nomes do trap latino e do reggaeton, Karol G, a cantora colombiana, ficou mundialmente conhecida em 2019, com o lançamento do hit “Tusa” em parceria com a rapper Nicki Minaj.
Com 6 álbuns lançados e mais de 3,11 bilhões de visualizações, Karol G foi a cantora latina mais ouvida no YouTube em 2021 e é a segunda da América Latina mais ouvida no Spotify, atrás somente de sua conterrânea, Shakira.
Além disso, a cantora também se consagrou como a primeira mulher a estrear no topo da Billboard 200 com um álbum em espanhol e venceu recentemente (2024) o Grammy de Melhor Álbum de Música Urbana com “Mañana Será Bonito” — seu primeiro Grammy Awards nos EUA.
Mais um colombiano para a lista, e se você é fã de reggaeton, certamente já ouviu falar do nome Maluma. Com seis álbuns de estúdio lançados, Maluma já colaborou artisticamente com grandes nomes da música pop, como Jennifer Lopez, Ricky Martin, The Weeknd, Madonna e Shakira.
O cantor já vendeu mais de 18 milhões de cópias de discos, incluindo álbuns e singles, além de ter conquistado diversos prêmios como o Latin Grammy Award, três MTV Europe Music Awards e diversas indicações ao Billboard Music Awards e ao Latin American Music Awards.
Malum também quebrou recordes com seus singles “Felices los 4”, “Borró Cassette”, “Corazón” e “Chantaje” que alcançaram posições de destaque na Billboard Hot Latin Songs.
Muito mais do que uma simples moda passageira ou um gênero regional, a música latina está se concretizando como um grande fenômeno global. Segundo relatório da RIAA, Associação da Indústria Fonográfica da América, só na metade de
2024, a indústria da música latina quebrou um novo recorde, estabelecendo uma receita de US$ 685 milhões.
Os novos patamares conquistados pelos artistas da América Latina revelam que a cultura da região está quebrando barreiras, transcendendo fronteiras e sobretudo, impulsionando a cultura de um povo enérgico e único para os quatro cantos do mundo. Se antes ver um latino no topo das paradas era exceção, em breve será a nova regra.