Eleições presidenciais na Colômbia (2022)

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Neste ano, a Colômbia elege o Presidente da República para o próximo mandato, que começa no dia 7 de agosto. A primeira rodada das eleições presidenciais aconteceu no dia 29 de maio, e devido ao fato de que nenhum candidato recebeu pelo menos 50% +1 dos votos, ambos candidatos com o número mais alto de votos avançaram para um segundo turno, que acontecerá em 19 de junho.

Antes do primeiro turno, vários meios divulgaram pesquisas indicando que o líder do partido ‘Pacto Histórico’, Gustavo Petro, era o favorito, com mais de 40% de intenção de voto, em alinhamento com dados dos últimos meses. Nas pesquisas, o progressista ainda era seguido pelo candidato conservador Federico ‘Fico’ Gutiérrez.

Mas os resultados da eleição trouxeram surpresas, com Rodolfo Hernández avançando para o segundo turno ao lado de Gustavo Petro. De acordo com pesquisas anteriores, a popularidade do candidato Hernández havia crescido, mas não superado a de Federico Gutierrez.

Podemos interpretar esses resultados como um reflexo do descontentamento da população colombiana em relação aos partidos políticos que governaram o país por mais de uma década. O candidato mais votado assume um posicionamento político esquerdista, e o segundo candidato mais popular se posiciona ao lado de uma direita não-tradicionalista, independente dos partidos tradicionais e das maquinações eleitorais.

Eles também refletem a polarização do eleitorado colombiano, conforme o centro perde cada vez mais seguidores e simpatizantes. O descontentamento social resultou da inequidade e da pobreza, além dos incessantes pedidos populares pela redução da insegurança, da corrupção e da violência rural que está sendo fomentada por grupos dissidentes armados.

Principais figuras das eleições colombianas de 2022

Gustavo Petro, o candidato progressista, lidera as pesquisas de intenção de voto. É a primeira vez na história da democracia colombiana que um candidato de esquerda realmente tem a chance de vencer as eleições presidenciais.
Em meio ao seu eleitorado mais leal estão aqueles que exigem uma mudança radical em relação à situação política e socioeconômica pela qual o país está passando — tudo isso sendo agravado pela pandemia e o aumento nos níveis de violência em algumas regiões. Dentre esse grupo de eleitores, também está o eleitorado mais jovem do país.

Petro, um senador de 62 anos, foi prefeito de Bogotá entre os anos 2012 e 2015. Nos anos 80 ele lutou contra o estado ao lado do M-19, um grupo de guerrilha que entregou suas armas em 1990. Esta é a terceira vez que ele concorre para a presidência do país. Nas eleições de 2018, ele perdeu no segundo turno para o presidente atual, o conservador Iván Duque.

Já Rodolfo Hernández, de 77 anos, é um engenheiro e um homem de negócios, tendo sido um vereador de Piedecuesta, no departamento de Santander, e prefeito da cidade de Bucaramanga. Conhecido por fazer declarações polêmicas, Hernández também é conhecido por agredir fisicamente um dos vereadores de Bucaramanga enquanto era líder do conselho da cidade.

Um ambiente complexo

As eleições de 2022 estão acontecendo em um contexto relativamente complexo, devido a uma explosão social que está em andamento desde 2019 e uma crise econômica trazida pela pandemia, a qual o governo foi incapaz de superar.

Como resultado disso tudo, as eleições de 2022 estão carregadas com uma atmosfera de incerteza e polarização. Uma parcela do eleitorado busca um líder que represente mudança. Por outro lado, também há aqueles que querem eleger um candidato de direita por temer as consequências sociais e econômicas que a chegada de um presidente de esquerda à Casa de Nariño traria.

Além disso, há uma falta de fé no sistema e uma narrativa persistente de que o sistema não permitirá que um representante de esquerda assuma a presidência. Isso é devido ao fato de que os resultados iniciais das eleições para o Congresso da República foram imprecisos e não refletiam o número total de votos obtidos pelo ‘Pacto Histórico’.

Momentos finais da eleição presidencial colombiana

Seguindo o primeiro turno de eleições, Federico Gutierrez, o terceiro candidato mais votado, declarou seu suporte para Rodolfo Hernández no segundo turno. Apesar de ainda existirem muitas alianças a serem construídas, e apesar do limitado espectro político da Colômbia, o posicionamento de Hernández abriu espaço para uma direita populista, além de uma reestruturação do mapa político do país.

Os partidos políticos estão atualmente passando por discussões internas para determinar quem deverão apoiar no segundo turno das eleições presidenciais. Apesar disso, em alinhamento com essa sociedade polarizada, algumas faces conhecidas dentre os políticos colombianos já tomaram as suas decisões, a despeito do determinado por seus partidos políticos.

Os candidatos têm apenas cerca de duas semanas para conquistar novos seguidores. Para alcançar a vitória, Rodolfo Hernández precisa atrair mais votos que seu oponente. Enquanto isso, para Gustavo Petro, o maior desafio será reter os seus 8 milhões de votos recebidos no primeiro turno, além de conquistar outros eleitores.

Written by: Angela Moreno