Tecnologia no Peru: como esta indústria mudou nos últimos anos

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Quando o assunto é tecnologia, muitas pessoas pensam que o Peru é um país atrasado, sem capacidade para se desenvolver e inovar neste campo e que a sua população ainda reluta em utilizar ferramentas tecnológicas. No entanto, esta percepção não é inteiramente verdadeira, uma vez que o Peru registou progressos significativos em ciência, tecnologia e inovação (CTI) nos últimos anos, aproximando-o cada vez mais dos padrões internacionais e permitindo-lhe enfrentar os desafios do século XXI.

Da proliferação de Fintechs no Peru ao crescimento do setor de Software e Saas, o país deu grandes passos nesta área. Mas é preciso deixar claro que ainda há trabalho a ser feito. Vejamos alguns pontos importantes para ajudar a compreender o estado atual da tecnologia avançada no Peru.

Quem está impulsionando o desenvolvimento tecnológico no Peru?

O desenvolvimento tecnológico no Peru tem sido estimulado por diversos atores, tanto públicos como privados, que apostaram no investimento, na investigação, na formação e na divulgação da CTI. Dentre eles, destaca-se a atuação do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Tecnológica (Concytec), que é o órgão dirigente do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sinacti), criado em 2021 com o objetivo de articular e coordenar políticas públicas e ações nesta área.

Além do Concytec, outras instituições públicas e privadas têm contribuído para o desenvolvimento tecnológico no Peru, como universidades, institutos de pesquisa, empresas, organizações sociais e fintechs. Estas últimas ganharam relevância nos últimos anos, pois têm oferecido soluções inovadoras para problemas financeiros por meio de plataformas digitais que facilitam a vida dos usuários.

Alguns exemplos de fintechs peruanas de sucesso são a B89, plataforma bancária 100% digital, Kambista e Rextie, ambas plataformas digitais de câmbio, Rebaja Tus Cuentas e Prestamype, que permite financiar projetos e a nacionalmente conhecida Yape, que permite fazer diversos pagamentos do celular e agora tem a função de interoperabilidade com outros bancos.

A atitude dos peruanos em relação à tecnologia

Mencionamos as fintechs como o mais recente avanço das empresas no que diz respeito ao uso de tecnologia para fornecer soluções. Mas esse sucesso não é mérito apenas das empresas que apostam nos avanços científicos, mas também dos usuários que buscam e exigem constantemente mais ferramentas para facilitar suas vidas.

Os peruanos estão cada vez mais abertos à tecnologia e a adotam como algo fundamental para o desenvolvimento de suas atividades. Isso é comprovado por algumas estatísticas como a presença de smartphones nos domicílios (91,9% têm pelo menos um, segundo a Osiptel), o número de usuários peruanos no Facebook (24 milhões, segundo o portal Statista) e a incorporação de mais de 3,7 milhões de linhas de telefonia móvel somente entre 2020 e 2021.

Na verdade, segundo o Produce (Ministério da Produção do Peru), os itens tecnológicos estão classificados como a 8º categoria mais comprada pelos peruanos em 2023, atrás de itens essenciais como alimentos, bebidas, remédios, móveis, entre outros. Os produtos tecnológicos mais adquiridos no Peru segundo a T21 são celulares, televisores, computadores, produtos elétricos de higiene pessoal, consoles de videogame, eletrodomésticos e automóveis.

E se falamos de compras online, a procura por tecnologia é ainda maior. Segundo a EWorldTrade, depois das roupas, os itens mais comprados pelos peruanos são celulares, laptops e tablets.

Tecnologia depois da pandemia

A pandemia da COVID-19 apresentou um grande desafio, mas também uma oportunidade para o Peru impulsionar sua transformação digital. Confrontados com as medidas de confinamento e distanciamento social impostas pela emergência sanitária, muitos setores foram forçados a adaptar-se rapidamente aos processos digitais, como o comércio eletrônico, a educação a distância, o teletrabalho, a telemedicina e o entretenimento online.

Isto, por sua vez, gerou uma maior procura e oferta de serviços digitais no país, bem como uma maior consciência entre as pessoas sobre a importância da tecnologia para melhorar a sua qualidade de vida. Segundo um estudo realizado pelo Ipsos Perú, 30% dos peruanos com acesso à Internet adotaram alguma medida online para gerar renda extra durante a pandemia: 72% utilizaram as redes para buscar informações, 64% para se manterem atualizados sobre notícias sobre a COVID-19 e 44% fizeram compras online.

Da mesma forma, as videochamadas tornaram-se obrigatórias para ficar conectado com amigos e entes queridos. As empresas também adotaram o modelo remoto de comunicação: segundo a Microsoft e a Edelman, mais de 94% das pequenas e médias empresas (PMEs) no Peru investiram em tecnologia, incluindo softwares de videochamadas.

No entanto, também há evidências das lacunas digitais que permanecem, tanto em termos de acesso à tecnologia no Peru como da sua utilização e apropriação. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), até o terceiro trimestre de 2021, apenas 55% dos lares peruanos tinham acesso à Internet, número que é ainda menor quando se fala em lares rurais, onde apenas 20,7% a têm.

Estes números mostram a necessidade de expandir e melhorar a infraestrutura e a conectividade em todo o território nacional, bem como de promover a alfabetização e a inclusão digital de todos os peruanos, especialmente os mais vulneráveis e excluídos.

O atual mercado de tecnologia no Peru

O mercado peruano de tecnologia tem experimentado um crescimento sustentado nos últimos anos, impulsionado pela demanda interna e externa por produtos e serviços digitais. Segundo estudo da EY Peru, o país atingiu 62,63 pontos na maturidade digital média em 2021, 3 pontos acima do ano anterior (quando começou a pandemia).

Entre os setores com maior nível de maturidade digital em 2021, o bancário e o de seguros (73,01) lideram, seguidos do varejo (67,42) e das telecomunicações (66,04).

Entre os segmentos que impulsionaram o mercado de tecnologia no Peru estão software, hardware, telecomunicações e serviços digitais. Segundo a Câmara Peruana de Comércio Eletrônico (Capece), o setor cresceu 30% em 2023, atingindo um faturamento de US$ 12,1 bilhões no ano passado até o final de 2022.

O setor de software também tem registrado um crescimento constante nos últimos anos. Segundo a International Data Corporation (IDC), entre 2010 e 2017 a indústria de software no Peru cresceu 10,8%, número superior ao crescimento global, arrecadando, apenas no último ano citado, US$ 396,8 milhões.

Tudo isso demonstra o potencial que o mercado de tecnologia tem no Peru, bem como as oportunidades que se abrem para empreendedores, investidores, profissionais e consumidores que desejam aproveitar os benefícios oferecidos pela digitalização.

É também muito importante que as empresas consigam comunicar corretamente as suas mensagens principais aos seus públicos-alvo, por meio de campanhas de relações-públicas ou também através de estratégias de marketing digital. Portanto, contar com uma agência como a Sherlock Communications pode ser uma grande oportunidade de avançar neste mercado.

Conclusão

A tecnologia no Peru mudou muito nos últimos anos, passando de uma indústria incipiente a um mercado próspero e com boas perspectivas, o que tem contribuído para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país. Mas isto não esconde que ainda existem desafios a serem superados para consolidar a transformação digital do Peru, como eliminar a exclusão digital, aumentar o investimento em CTI, fortalecer o ecossistema de inovação e melhorar a qualidade e a competitividade dos produtos e serviços digitais.

Fique de olho no blog da Sherlock Communications para saber mais sobre o Peru e outros países latino-americanos, não apenas na esfera cultural, mas também sobre seus diferentes setores e como estão evoluindo.

Written by: Julio Estrada